O meu saudoso Amigo Fernando
Pereira, que apesar de não ter ido à escola era uma pessoa muito
culta, dotado de uma inteligência extraordinaria e de um fisico
invejavel, de grande estatura, de aspecto jovem apesar dos 50 anos
passados, garantia assim inumeras conquistas femeninas...
So que, tendo falido na sua vida
profissional, precisava de dinheiro para sobreviver (não raras vezes
o ajudei...). Mas pensei ter encontrado uma solução, se bem que
provisoria, lhe podia garantir alguns tostões.
« Olhe là, oh Pereira,
temos uma pequena obra no consulado, que consiste em renovar o mastro
da bandeira nacional que, com o tempo, esta de facto a ficar feio de
mais... Não se quer candidatar com um orçamento ? »
« Olha, tudo o que vier à
rede é peixe, comentou » com o seu sotaque arrastado de S.
Vicente de Fora de Alfama, misturado de expressões espanholas
adquiridas durante alguns anos, depois de se apaixonar por uma Julia
ibérica (o verdadeiro e grande amor da sua vida).
Passados uns tempos, la vem o
Pereira ao consulado transportando um orçamento que cabia num
pequeno espaço de uma folha A4...
Todo orgulhoso estende-me o
papel manuscrito e, mal o li, desatei às gargalhadas... O Pereira,
atonito não compreendia o porquê da risota...
Dizia o escrito :
- « lixar o mastro... x
- limparlo... x
- Desenferrujar o mesmo... x
- Pintarlo... x
- Total do presupuesto... xxx."
… O leitor agora até entende
melhor porque ambos ficamos a rir durante anos deste episodio
memoravel.
Ah, importante é que o Pereira
ganhou a adjudicação do « concurso » e que durante
muitos anos nos rimos com a historia do « desenferrujar o
mastro ».
18-06-2020
JoanMira