Há vários dias caminhava pelos trilhos de
São Cri calho; e andando, até conseguia pensar na tristeza da pobre vida que
até ali tinha tido; o céu tão escuro permitia imaginar galáxias, sistemas
solares, planetas e luas giratórias.
A noite estava linda; os meus pensamentos
nem por isso: malvada doença que impedia os meus sonhos…
Caminhando, andando, deambulando sem
destino, acabei por me encontrar numa cidade a sul da Europa chamada Barreiro.
Estava cansado, exausto; para onde ir?
Lembrei-me subitamente que naquele sítio
até tinha família. De imediato me lembrei da minha Tia Manela… Bati à porta
suavemente, com respeito e quase amedrontado… mas fui recebido com o sorriso do
Mundo!
Há muito que não via os meus tios; tinha
andado pelo Mundo mandado pelos patrões, muito tinha sofrido – no meio de
alegrias também – mas quando vi os meus tios tive de reprimir certas lágrimas
contidas e mandadas desde sempre pela
educação dos meus pais.
Fui recebido de forma extraordinária: um
quarto só para mim, comidinhas excelentemente confeccionadas pela
extraordinária cozinheira de tia, historias rocambolescas contadas pelo meu
tio, visitas permanentes das minhas primas, lambedelas de todos os animais de
estimação, afeição de Amigas e Amigos… Um Mundo maravilhoso.
Gosto disto; Sou assim e é assim; a
educação perdura: para o mal tenho defesas; para o bem, bondade tenho também.
Isto é o episodio muito sintético da vida
de um homem banal.
Barreiro, 20 de marco de 2017.
JoanMira