Aqueles velhos e meninos tempos
de 1963, ficam para sempre na minha memória como uma imagem de nostalgia e de
Paraíso perdido.
Tinha eu 12 anos e o meu
"fedelho" de bébé-irmã apenas quatro. Naquela casa, onde vivemos, na
rua Gambetta em Dax, muitíssimo "aconchegados", havia muita alegria
apesar do espaço ser restrito a duas divisões: o quarto dos meus pais e um
"hall de entrada/cozinha/casa de jantar/sala de estar com 10 m2 que servia
também de quarto para os filhos... E ali dormíamos os dois, cabeça contra pés,
num canapé de "estilo tipo verde skai", "construído"
pelo pai (como muitos outros moveis), com molas de ferro forradas de uma
espécie de palha que as não impedia de atravessar o meu derma sensível e
de me aleijar os frágeis ossos até ao amanhecer...
Mas havia um dia da semana que eu
esperava ansiosamente: o dia das compras; entre elas havia sempre o inevitável
"Bonux" que lavava tão branco que deixava a roupa mais branca que
branca! Queria lá saber! O objecto da minha impaciente ansiedade era abrir a
caixa para desvendar o prémio/segredo que ela continha.
E era, então, uma maravilha:
bonecos em "kit", soldadinhos de plástico pintado, carrinhos de luxo
das marcas Simca, Talbot, Peugeot, Citröen... Que alegria!
Depois, passava horas a organizar
corridas no rebordo da única bacia existente, no quarto dos meus pais entre
concorrentes improváveis: carros, bonecos, barcos, soldados e carrinhos...
Cumulo da felicidade, ganhava sempre quem eu queria até chegar à semana
seguinte em que poderia ter sorte o "forasteiro" que chegasse... Nada de menos certo...
Bordeaux,
20-02-2016
JoanMira