Nombre total de pages vues

17.3.17

Texto - "Bonux e velhos tempos"

Aqueles velhos e meninos tempos de 1963, ficam para sempre na minha memória como uma imagem de nostalgia e de Paraíso perdido.  

Tinha eu 12 anos e o meu "fedelho" de bébé-irmã apenas quatro. Naquela casa, onde vivemos, na rua Gambetta em Dax, muitíssimo "aconchegados", havia muita alegria apesar do espaço ser restrito a duas divisões: o quarto dos meus pais e um "hall de entrada/cozinha/casa de jantar/sala de estar com 10 m2 que servia também de quarto para os filhos... E ali dormíamos os dois, cabeça contra pés, num canapé de "estilo tipo verde skai",  "construído" pelo pai (como muitos outros moveis), com molas de ferro forradas de uma espécie de palha  que as não impedia de atravessar o meu derma sensível e de me aleijar os frágeis ossos até ao amanhecer...

Mas havia um dia da semana que eu esperava ansiosamente: o dia das compras; entre elas havia sempre o inevitável "Bonux" que lavava tão branco que deixava a roupa mais branca que branca! Queria lá saber! O objecto da minha impaciente ansiedade era abrir a caixa para desvendar o prémio/segredo que ela continha.

E era, então, uma maravilha: bonecos em "kit", soldadinhos de plástico pintado, carrinhos de luxo das marcas Simca, Talbot, Peugeot, Citröen... Que alegria!

Depois, passava horas a organizar corridas no rebordo da única bacia existente, no quarto dos meus pais entre concorrentes improváveis: carros, bonecos, barcos, soldados e carrinhos... Cumulo da felicidade, ganhava sempre quem eu queria até chegar à semana seguinte em que poderia ter sorte o "forasteiro" que chegasse... Nada de menos certo... 

Bordeaux, 20-02-2016


JoanMira 

15.3.17

Texto - Historias da Emigração – Auto de interrogatório


Résultat de recherche d'images pour "caricatura de português"

Estava eu tão descansado naquela linda manhã, respirando perfumes de maio, quando fui interrompido por estridente e telefónico som inimigo:

“Alô… daqui fala Pinto Barradas. O senhor chanceler vai ter que ouvir em auto de interrogatório, a pedido da Justiça portuguesa, um cidadão que fez das boas…

- Sim, claro, senhor cônsul-geral, vou chama-lo à sala de espera?

- Sim…Não…Espere ai, eu próprio o levo ao seu gabinete”.

E apareceram-me em curto prazo o corpanzil do cônsul empurrando o frágil “arguido”.

- “Tome lá, – lançando a carta precatória – e extraia dele tudo o que for necessário para boa elucidação da autoridade.”. E saiu repentinamente para se dedicar, decerto, a actividades mais importantes.

- “Senhor…?”

- “Jaquim Manoel”, responde com largo sorriso o faltoso.

Li rapidamente e em silêncio o termo de culpa, sem de vez em quando ter de reprimir um esboço de riso. A situação era cómica e eu, transformado em magistrado, tinha de manter um oficial respeito.

Li ao arguido o relatório elaborado pelo cabo-comandante da GNR do Seixal…

O Jaquim Manoel era o protótipo do tuga bem disposto, risonho mas, que quando a coisa saia para o torto, não deixava crédito por mãos alheias…Pequenino, moreno de cabelo preto, bigodaça farfalhuda, ia sorrindo à medida que lhe lia o auto.

E o auto redigido pelo cabo tinha uma certa graça.

- “Eram 4 horas da manhã quando vi um carro de matrícula estrangeira aproximar-se do ponto de controlo a alguma velocidade. Instado a parar, o condutor parou. Como lhe fiz a observação de que me parecia estar ébrio, rindo me respondeu: “Pois, tive numa festa e querias que bebesse agua seu labrego”.

Ignorando o insulto, pedi-lhe que soprasse no detector de alcoolemia, ao que me respondeu: “Só sopro depois de tu soprares seu manguela”…

Pedi-lhe, então que me mostrasse os documentos de identificação e da viatura, ao que me respondeu: “Eu mostro-te é o caralho!”.

“Diga-me então o seu nome” ao que respondeu: “Olha, em português é Jaquim Manoel e em francês é tens os cornos virados para tras”…

De paciência esgotada apontei-lhe a arma de serviço; mas o individuo saindo bruscamente do veiculo, apoderou-se da mesma, deu-me dois pares de estalos, rasgou-me a farda e pirou-se. Nunca mais o vi. Viria a saber mais tarde que ja deixara o territorio nacional".

Logicamente, o assunto não sendo meu, esperei a sua saída para desatar presas e largas gargalhadas.

Bem, confesso que apenas pedi ao Jaquim Manel que assinasse o depoimento…

29-04-2015

JoanMira              

JoanMira - "A ressurreição de Adolfo Hitler" - Texto


Résultat de recherche d'images pour "imagem caricatura de Angela Merkel em nazi"
Algumas dúvidas ressurgem sobre se Hitler morreu ou não. O crânio do ditador parece ter sido encontrado numa pleonástica estrumeira alemã, acreditando a ideia de que não terá escapado ao cerco de Berlim. 

Cientistas também já vieram confirmar que o crânio encontrado, sendo certo que tem todos os estigmas de cérebro em forma de ânus, não pertence ao famoso fascista.

A quem pertencerà então?

Staline? Franco? Carmona? Salazar? Brejniev? Merkel? Peter Steps Rabbit? João Jardim (o Calhau da Ilha)? Paul Doors?... Perdemo-nos em conjecturas tanto mais que todas estas hipóteses se nos afiguram pouco credíveis…

Parece é certo que, segundo eminentes e sapientes especialistas, que o crânio haja pertencido a individuo perecido com enfarte da caixa cornal…

Será demais desejar o mesmo destino a todos os políticos, banqueiros, cretinos e vigaristas que continuam a organizar a roubalheira?

Bordeaux, 9 de Agosto de 2013.
JoanMira