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24.5.16

Texto - Alentejo

Não me falem nem nada digam ; é que estou de humor massacrante.


Acordei de um sonho lindo em que entes amados gracejavam ao meu lado… 

Simultaneamente recordava os anos felizes da minha infância. As dificuldades dos meus pais, o pão que chegava quentinho, um bebé que chorava quase sempre, a minha paciência e ternura para com ele, a minha adoração sem limites, o perfume dos cozinhados de minha mãe, os puxões de orelhas do meu pai quando chegava atrasado a casa, por causa do jogo de hóquei em patins ou do perfume das amoreiras de Beja…

E a Mitra? E Valverde! Quantas guerras proclamadas contra o clã inimigo! O forte era no cimo da estrumeira do sitio onde construíasmos paredões de pedras solitárias mas sólidas para nos protegermos das fisgas inimigas.

Não tenho palavras para descrever quanto bem me sentia naquele sitio formoso. Alentejo da minha alma. Lá passei momentos felizes da minha vida… 

Os padrinhos que me adoravam, Amigos pobres de pé descalço, alunos regentes agrícolas que me explicavam as trovoadas e todos fenómenos naturais que desconhecia.

Tinha a “rebêra” onde com o meu imenso Amigo Zé Manel construíam-mos cabanas feitas de salgueiros, galhos…e onde suas irmãs se prestavam ao jogo do “burro”...

Tinha tudo...

Tínhamos pais, avos, padrinhos, amigos, seres humanos…

Tudo isto me deixa pensar; se é verdade que depois da morte existe um Paraíso merecido, então eu quero regressar ao Alentejo.

24-05-2016

JoanMira