Não me falem nem nada digam ; é que estou
de humor massacrante.
Acordei de um sonho lindo em que entes amados gracejavam
ao meu lado…
Simultaneamente recordava os anos felizes da minha infância. As
dificuldades dos meus pais, o pão que chegava quentinho, um bebé que chorava
quase sempre, a minha paciência e ternura para com ele, a minha adoração sem
limites, o perfume dos cozinhados de minha mãe, os puxões de orelhas do meu pai
quando chegava atrasado a casa, por causa do jogo de hóquei em patins ou do
perfume das amoreiras de Beja…
E a Mitra? E Valverde! Quantas guerras
proclamadas contra o clã inimigo! O forte era no cimo da estrumeira do sitio
onde construíasmos paredões de pedras solitárias mas sólidas para nos
protegermos das fisgas inimigas.
Não tenho palavras para descrever quanto bem
me sentia naquele sitio formoso. Alentejo da minha alma. Lá passei momentos
felizes da minha vida…
Os padrinhos que me adoravam, Amigos pobres de
pé descalço, alunos regentes agrícolas que me explicavam as trovoadas e
todos fenómenos naturais que desconhecia.
Tinha a “rebêra” onde com o meu imenso Amigo
Zé Manel construíam-mos cabanas feitas de salgueiros, galhos…e onde suas irmãs se prestavam
ao jogo do “burro”...
Tinha tudo...
Tínhamos pais, avos, padrinhos, amigos, seres
humanos…
Tudo isto me deixa pensar; se é verdade que
depois da morte existe um Paraíso merecido, então eu quero regressar ao
Alentejo.
24-05-2016
JoanMira