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20.3.19

Texto - O refugio dos Piruceiras

Caminhava há vários dias pelos cinzentos trilhos do mundo de São Cricalho e deambulando, até me era permitido pensar na triste e miserável vida que até ali tinha tido; o céu tão escuro deixava imaginar galáxias, sistemas solares, estrelas misteriosas, planetas loucos e luas giratórias...
A noite estava linda; os meus pensamentos nem por isso: malvada doença que me impedia os sonhos…

Caminhando, andando sem destino marcado, acabei por me encontrar numa cidade a sul da Europa chamada Barreiro.
Estava cansado, exausto; para onde ir?

Lembrei-me subitamente que naquele sítio até tinha gente conhecida. E logo pensei na minha Tia Manela… Bati à porta suavemente, com respeito e quase amedrontado… mas fui recebido com o sorriso do Mundo!...

Há muito que não via os meus tios; tinha andado pelo Mundo mandado dos patrões, muito tinha sofrido – no meio de alegrias também – mas quando vi os meus tios tive de reprimir certa lágrima contida,  fruto da recomendada educação transmitida pelos pais.

Fui recebido de forma extraordinária: um quarto só para mim, comidinhas excelentemente confecionadas pela extraordinária cozinheira de tia, historias rocambolescas contadas pelo meu tio, visitas permanentes das minhas primas, lambedelas de todos os animais de estimação, afeição de Amigas e Amigos… Um Mundo maravilhoso.

Gosto disto; Sou assim e é assim; a educação perdura: para o mal tenho defesas; para o bem, bondade tenho também.

Isto é o episódio muito sintético da vida de um homem banal.

Barreiro, 20 de marco de 2017.
JoanMira