Ali esta ele imperturbável
No meio de grande lixeira
Fazendo contas em voz baixa
Pois não seria perdoável
Contar de outra maneira
Quando se é um grande “Caixa”
Ei-lo agora a assinar
De caneta mole e nojenta
Os cheques que um a um
Da caixa esta a tirar
E a sua voz pachorrenta
Liberta um doce zunzum
Mas, Santo Deus, que foi ?!
Interrompe subitamente
Aquela tarefa perfeita
De que tanto estava a gostar.
Vai babando charuto grosso
Até que, erguendo-se lentamente,
Vagarosamente levanta a perna direita
E expele devagarinho mas a chiar ...um
Sopro fétido pr’o ar !
Cheira a estragado no gabinete,
Pensa a infeliz criada Teresa…
Quando ao cônsul se achegou
Será sitio pr’a se borrar naquele
Tão nobre e diplomático e lugar ?
Não tem bem a certeza ainda, mas
Admite em silêncio que alguém
Ali se ...descuidou !
Terá sido o “cônsul” ou o “Caixa” ?
Não lhe apeteceu investigar o caso
Agoniada e rezando em voz baixa acaba por
Desvendar uma repentina mas atroz conclusão :
Querem la ver, talvez por acaso ou não,
Que “Cônsul”, “Pachado” e “Caixa” serão
Uma mesma e única pessoa ... ?!
11-03-2019
JoanMira