Tudo muda? Não me apercebo; chamam-me
louco porque nunca hesito em dizer o que penso a quem quer que seja, muitas
vezes em meu detrimento…
Não muda, porém,
a miséria, não mudam os parasitas, não mudam tampouco as estúpidas ideias politicas
de referência aos "mercados", não muda a vontade de os homens prevaricarem,
não mudam as tradições bacocas que dos nossos avos já vêm, não mudam as crenças
religiosas e superstições alimentadas por vigaristas para continuarem
arbitrariamente a submeter o Povo às suas aldrabices.
E se um dia a Justiça fosse para
todos? Se todos tivessem o direito de viver sem se encontrarem constantemente
poluídos com a necessidade de possuir? Se deixasse de existir a preocupação de
se adquirirem bens e serviços para que a vida deixasse de ser um inferno?
Se o parco tempo da nossa
existência estivesse virada para o lazer? Nada na nossa consciência impede o
prazer; contemplar uma paisagem magnífica, dedicar os tempos livres à família,
aos amigos, ao divertimento…! Quem inventou que o ser humano apenas se realiza
através do trabalho? Que aberração!
Mas, objectarão os privilegiados,
quem vai pagar tudo isso? A resposta é óbvia: a repartição dos encargos entre todos,
ao invés do que até agora tem acontecido; só que aquela pequena minoria abastada
não quer! E nos não queremos que eles não queiram!
Que Pais é este onde os políticos enriquecem
no Poder? Fazem obscuras negociatas, servem-se da Nação em vez de a servirem! Pôrra,
apetece-nos dizer aquela genuína e linda expressão brasileira: “Puta que pariu!
.... Coelhos, Portas, Jardins e muitos outros continuam a rir-se à nossa
custa…
Será que ser de esquerda ou de
direita já nada significa? Será que o Povo tem razão quando se demite do
direito de voto porque "botar" nuns ou outros é sempre a mesma coisa?
Será que nos vão levar a duvidar da democracia? Será
que o ego dos políticos se pode sobrepor ao interesse comum? São tantas as
questões...
Lembro-me de uma frase do meu pai,
trabalhador que sempre foi, tendo contribuindo,"no duro" como tantos operários,
para que lá de cima do avião se possa ver a paisagem linda de Portugal.
Lembro-me do que ele dizia, exausto, ao chegar a casa: "isto só
s'endereita duma manêra..." E a frase era quase sempre a mesma: "Pôr
esses malandros engravatados a trabalhar”
27 de Janeiro de 2017
JoanMira