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28.3.16

Texto - Divorcio de Portugal

Hoje venho aqui contar a triste história de um adolescente Português emigrado.

A sua meninice foi passada em Portugal. Tratava-se de um excelente aluno e por isso almejava tornar-se “Regente Agrícola”; era a sua paixão saber tudo sobre plantas, tratar delas, ver, com muito amor, como elas cresciam, tratar delas quando necessário, respirar o seu perfume, viver ao ritmo da Natureza…

Era o início do aroma da adolescência… quando, subitamente,  os seus pais decidiram emigrar.

E o sonho desfez-se…

Chegado ao Pais de acolhimento, o “puto”, (vamos dizer que se chama João), não se deixou abater pelo rude golpe; continuou a estudar com afinco, agora já na outra língua, tanto que conseguiu apreciação positiva e unânime dos seus professores.

Conseguiu emprego num improvável consulado honorário de Portugal e dai rumou a outras empresas.

Quando menos esperava, foi convidado a integrar, com 22 anos, o cargo de Adjunto do director de um Banco privado. Mas, nessa altura, para ser admitido teria de rejeitar a nacionalidade portuguesa.

Recusou, obviamente, porque patriotismo acima de tudo!

Até que, na empresa multinacional onde trabalhava, lhe chega uma oferta de emprego num consulado português de carreira; ganhou o concurso e, cheio de alegria e esperança começou, com 25 anos de idade, uma nova fase da sua vida.

O início de “caloiro” foi muito complicado; mas com muito trabalho e espírito ganhador, adquirido ao longo de anos difíceis, foi subindo na sua nova carreira; passou de “secretário de segunda classe” a “Empregado”, “Chanceler” e, por fim ao topo: “Vice-Cônsul”.

Depois, foi colocado em vários Países e Postos.

Foi mesmo considerado de “excelente profissional” segundo rezam as apreciações de cônsules, cônsules-gerais, embaixadores e ministros.

Mas… acontece que o “Secretario de Segunda, Empregado, Chanceler, Vice-Cônsul”, nunca teve um feitio maleável; pelo contrário, sempre defendeu a verdade e os seus colegas, em muitos casos, contra “chefes” bacocos, barrocos  e improváveis.

Dizendo (e escrevendo sempre tudo o que pensava, e pensa), o desajustado habito palaciano caiu-lhe em cima:

- uma primeira repreensão escrita…

- depois multa pecuniária elevadíssima…

- E por fim, a sanção derradeira: “Ou fica com licença sem remuneração ou vai para a reforma antecipada”… (nos 2 casos perde..parece-nos).

Gosta?

Pois é isto que acontece neste Pais dito civilizado:

Por isso vai repudiar a nacionalidade Portuguesa!

Nada mais lhe resta naquele Pais onde os mentirosos, pulhas, vigaros, artolas, malabaristas e incompetentes vingam...!

Vão para o sitio para onde, por vezes, a avO mandava o seu avô...

Vai divorciar daquele Portugal dos políticos, mas nunca dos seus compatriotas!!!

Bordeaux, 28 de março de 2016

JoanMira